18 December 2008


Calçei as luvas de musgo para sentir o pulsar da terra...
Fechei os olhos devagar e acordei a meio do silêncio,
longe do tumulto do mundo...
Desejo fundir-me com a Natureza
que é tudo o que de mais profundo existe em mim...

4 December 2008


o Azul estava gelado entre o Vermelho e o Negro
o Vermelho abriu os olhos
o Negro disse algo incompreensível...
corriam em ritmos de violino...
as estrelas andavam nuas
eram cores vivas que se juntavam e dividiam,
se abraçavam e mordiam...
tudo para receber a Noite, bruxuleante
que vem como cisnes sedentos de Azul,
pingo a pingo
na volúpia do sangue
em cintilações Negras...

1 December 2008


evaporação
retirou o magro rosto da cinza
cobriu a nudez com o fúlgido temor
dos presságios
esmagando sob a língua o crepuscular
alfazema
recolheu o negro e húmido resplendor
dos cedros na concha das mãos
e no início da mítica noite ergueu
os braços
respirou fundo o quente olor da
madressilva
abriu as mãos ao vento derramando
sobre a cabeça a fulva beberragem
quando o hirsuto cabelo ficou atado
no esplêndido halo da água
já a parte ainda humana do seu corpo
ascendia
vagarosamente
ao perene bosque solar
Al Berto
in "A secreta vida das imagens"