9 May 2011
10 October 2010
17 August 2010
Quando a Noite toca os meus pulsos despidos, dá-se em mim uma vida maior.
Desaperto os laços de uma senha oculta,
levo comigo essas estrelas negras, a dolorosa persistência da língua...
Em pleno silêncio de fogo, um grito de brilho pousa no corpo de sombras nómadas. Sinto a volúpia do sangue, caindo, pingo a pingo, num abismo de orvalho... O travo nocturno da carne...
e em ondas de medo e fascínio, rebento-me azul...
Sou o que me rodeia.
Imagem: Tomas Rücker
A ouvir: Therion . "The Siren of The Woods"
6 February 2010
Aqui o silêncio brilha
acariciado pelas palavras não ditas
neste momento de renascer.
Há em mim uma combustão ávida
e neste vestido cor de angústia
na indiferença do corpo,
mergulho constante
no acto ébrio de pegar fogo.
Entre o olhar e a boca
a fragilidade da voz segreda um rumo ás mãos
em busca da neblina.
Vagueio os lábios
e sabe-me a águas doces
às que fluem
múrmuras,
vagarosas,
músicais...
O olhar caminha entre as cinzas
entre cores, sedosos tecidos,
numa espécie de pântano obscuro.
Escuto o sotaque da terra,
o ruído dos galhos
e das raízes saindo do ventre das pedras
E todo o silêncio se continua
em pétalas que descem
oscilando no ar,
em balanços de penas
serenas...
Imagem: Rick Blackwell
A ouvir: Fields Of The Nephilim - "Requiem XIII (le veilleur silencieux)"
15 November 2009
Chegando do silêncio
Sensualidade
das árvores que se despem
na mais linda viagem Outonal...
Longe da insãnia
de tijolo e argamassa
enverdece pulsante
a imponente montanha devassa
rasga, indulgente
contagiante cheiro
na rarescência das vertentes da pureza
num vale de solidão.
A paz fulminou
cumes da mais liquefeita
imaginação selvagem
na mais distinta
longínqua
incontroversa imagem.
A ouvir: Green Carnation
Imagem: Ron Jones
1 October 2009
A ouvir: Type O Negative - "October Rust" (1996)
9 August 2009
E se for meu o silêncio que por vezes se repercute, um vácuo esparsamente preenchido, por cima de outros mundos... um espaço desfeito, como uma gota de luar nas mãos...
Tomba por mim dentro a sombra da árvore, como um corpo que discreto me fecunda...
Nado na água da poesia e a terra do meu corpo, húmida, cumpre-se em palavras.
Deixem-me ficar aqui, no silêncio assombrado e subir ás árvores e viver aí, saboreando o azedo visceral da inquietude.
A ouvir:"Black Swans" - Lacrimas Profundere
Imagem: Claus Rebrow
1 June 2009
A ouvir: Lisa Gerrard "Laurelei"
Imagem: Giedrius Neturiauskas
21 May 2009
14 May 2009
10 April 2009
Embriagai-vos
É preciso estar sempre ébrio. É tudo: eis a única questão. Para não sentir o terrível fardo do Tempo que vos quebra as costas e vos inclina para a terra, tendes de embriagar-vos sem tréguas.Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha. Mas embriagai-vos, E se porventura, nas escadas do palácio, na relva verde de uma vala, na solidão morna do vosso quarto, despertardes, a embriaguez já fraca ou desaparecida, pedi ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que se esvai, a tudo o que geme, a tudo o que passa, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio responder-vos-ão: “ Está na hora de se embriagarem! Para que não se tornem escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos; Embriagai-vos incessantemente! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha!”
Autor: Charles Baudelaire (Paris-1821/1867)
Imagem: Claudia Marcu
2 April 2009
Ruínas em Ruína
Rangiam os soalhos arqueados da temporalidade,
fracturas de uma eternidade,
uivos agrestes de vozes mortas que trespassavam,
pelas janelas se libertavam,
musgos adornantes de escadarias infinitas,
em mesclas de silvas interditas,
lareiras esventradas em telidez permanente,
em inexistência de faúlha consequente.
Túmulos de jardins excelsos em ruínas imponentes,
afagâncias inóspitas de ventos estridentes,
refúgios de almas decompostas em eternização,
simbioses de calmaria na extensa solidão.
Cortinas bailantes ao luar outrora presentes,
extinção das danças pelas vidas dissidentes,
colorações em inexistência nas vagas imensidões,
singelos espaçamentos nas presentes depurações.
Penumbras de corredores silenciosamente desolados,
obscuridades de tormentos indagados,
nas tempestades de inexistências,
se volatizam as vivências...
Autor: Bruno Resende in "Khaos Poeticum"
A ouvir: Rammstein
Imagem: Glauco Dattini
13 March 2009
3 March 2009
Noite plena de imagens no fluir do olhar
Êxtase puro, profundo... polpa de silêncio
explodindo através de sons...
Palavras longínquas devoram a amplidão das sombras,
ao som de flautas lascivas e ao ritmo de véus em danças...
Mais fecunda, mais lúcida
a Lua sobe...
E os Deuses não falam...
Ouvem-se porém os passos dos poetas,
que trazem na noite a harmonia oculta...
Existe vida na carne das palavras que chegam,
ofegantes e vermelhas...
sílaba a sílaba...
num golpe profundo.
Imagem: Gulubaja
A Ouvir: Qntal - "Dulcis Amor"
22 February 2009
Arrebatador até doer...
Um desejo obscuro de fusão
De desnudar uma realidade
Só muito levemente pressentida...
Há palavras
Que não se dizem...
Olham-se bem dentro
Dos olhos...
Da pele...
Dos sentidos
A meio do silêncio
Num estremecer profundo.
Imagem: Rick Blackwell
A ouvir: "The Host of Seraphim" - Dead Can Dance
7 February 2009
Cidade à Beira-Lua
19 January 2009
18 December 2008
6 December 2008
4 December 2008
1 December 2008
30 November 2008
23 November 2008
17 November 2008
as árvores são as mais luxuosas
portas do terror...
Despertam tépidos mistérios
subitamente iluminadas
por uma luz devastadora,
irresistível!...
Como um grito de brilho
no meio do silêncio...
Seres nocturnos persistem
como sinais de fumo
no ar...
no coração das trevas...
Palavras de Outono
* * * * |
10 November 2008
18 October 2008
O Perfume do Abismo
3 October 2008
22 September 2008
Nocturna
No embarque do sono...
Alucinante
Visionária
No desespero da utopia.
Libertária
Aventureira
Sexo imaculado
No libertar da loucura...
19 September 2008
Hummm...
"(...) A sua loucura tomava dimensões exorbitantes, coexistindo miscívelmente com a sanidade, formando um labirinto de situações e pensamentos fundidos com a consciência e a inconsciência. Não percebia padrões. Eles talvez nem existissem. As visões apanhavam a insanidade mental enquanto estavam fisicamente em contacto real. Os sonhos inexistiam na coerência real, mas brotavam da mais profunda reflexão racional. A tudo lhe foi possivel sobreviver, excepto à fusão final da loucura com a realidade. Agora apenas deixava o tempo passar diante dos seus sentidos e pensamentos esperando pacientemente pelas mudanças que saberia que não iriam aparecer. Esperar o inesperado. Objectivar com o resultado de uma profecia que nunca se iria concretizar. Tudo era a a única forma de se ser aquilo que se é. (...)
"Excerto do livro "Subterfúgios" de Bruno Miguel Resende.
http://liverdades.blogspot.com
Loucura... Why not?
-Antonin Artaud-
10 September 2008
A Loucura
"E o que é um autêntico louco? É um homem que preferiu ficar louco, no sentido socialmente aceite, em vez de trair uma determinada idéia superior de honra humana. Assim, a sociedade mandou estrangular nos seus manicómios todos aqueles dos quais queria desembaraçar-se ou defender-se, porque se recusaram a ser cúmplices em algumas imensas sujeiras. Pois o louco é o homem que a sociedade não quer ouvir e que é impedido de enunciar certas verdades intoleráveis."
(De Antonin Artaud - louco, marginalizado e incompreendido enquanto viveu)
25 August 2008
A Dream
A Dream In visions of the dark night I have dreamed of joy departed- But a waking dream of life and light Hath left me broken-hearted. Ah! what is not a dream by day To him whose eyes are cast On things around him with a ray Turned back upon the past? That holy dream- that holy dream, While all the world were chiding, Hath cheered me as a lovely beam A lonely spirit guiding. What though that light, thro' storm and night, So trembled from afar- What could there be more purely bright In Truth's day-star? -Edgar Allan Poe- |
27 July 2008
O Silêncio da Noite
8 July 2008
10 June 2008
Promíscuos tombam, num tropel de corpos, de pernas, braços
Bocas e cabelos, ancas e mãos, de línguas e gemidos...
uivos de espasmo, seios e tremuras...
Torcem-se os corpos, arfam e agitam-se, soergue-se e descaem,
A pouco e pouco vão ficando plácidos...
como que dormindo na difusa, anónima e divina
confusão final...
De súbito levantam-se, altíssimos
ao pé dos corpos que ainda jazem, trémulos...
Recortam-se na luz que irisa a negridão dos sexos
As gargalhadas tinem pela praia clara, lambendo a areia
que fica suspensa no limiar do vento...
Silvos ligeiros, lépidos, irónicos
alisam pela praia o que ficou dos corpos
areia remexida, vagos moldes de ancas e torsos,
calcanhares e braços
e até gotas dispersas do vertido amor...
Apenas o tinir das gargalhadas subsiste ainda
e o vulto que se espreguiça à beira da água...
20 May 2008
Manufacturamos Realidades
11 June 2007
Noite assustada...
arrancadas a equívocos relãmpagos
Grafitam todos os muros da Noite...
Em ondas de medo e fascínio, rebento-me azul...
A brisa acaricia os arbustos do desejo
O aroma da terra vem ao meu encontro
O perfume do abismo,
A que me abandono... deslumbrada...