
É preciso estar sempre ébrio. É tudo: eis a única questão. Para não sentir o terrível fardo do Tempo que vos quebra as costas e vos inclina para a terra, tendes de embriagar-vos sem tréguas.Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha. Mas embriagai-vos, E se porventura, nas escadas do palácio, na relva verde de uma vala, na solidão morna do vosso quarto, despertardes, a embriaguez já fraca ou desaparecida, pedi ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que se esvai, a tudo o que geme, a tudo o que passa, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio responder-vos-ão: “ Está na hora de se embriagarem! Para que não se tornem escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos; Embriagai-vos incessantemente! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha!”
Autor: Charles Baudelaire (Paris-1821/1867)
Imagem: Claudia Marcu
...eu faço isso todos os dias...ou não viveria!
ReplyDeleteAbraços.
tchim,tchim :)
ReplyDeleteO original é um poema do Ciclo do Vinho:
ReplyDeleteDeves estar sempre embriagado
Nada mais importa
Para que o horrível facto do tempo
Não vos pese sobre os ombros
E vos faça pender para a terra
Deveis embriagar-vos sem cessar
Mas de quê?
De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha.
Mas embriagai-vos.
E se um dia, nos degraus de um palácio,
Na erva verde de uma valeta,
Na solidão baça do vosso quarto
Acordardes já sóbrios
Perguntai ao vento, à onda, à estrela, à árvore, ao relógio,
A tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola,
A tudo o que canta, à tudo o que fala, perguntai:
«Que horas são?»
E o vento, a onda, a estrela, a árvore, o relógio
responder-vos-ão:
«São horas de vos embriagar-vos,
Para que não sejais os escravos martirizados do tempo,
Embriagai-vos sem cessar,
De vinho, de poesia ou de virtude
A vossa escolha.»
Gothicum,
ReplyDeleteCarpe Diem...n'est pas?
Kisss...
R.,
Cheers...menina azul ;)
Kisss...
Lord,
Voilá! Interessante tradução...
Kisss...
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Um beijo absolutamente ébrio!*
ReplyDeleteSó há uma forma de chegar ao fundo do poço: através da veia da essência
ReplyDeleteTenho passado grande parte do meu tempo, demasiado sóbria...
ReplyDeleteObrigada, Witch, por me recordares deste poema :)*
E o estado de embriaguês constante da alma? Sem carecer de qualquer estímulo externo?... Basta querer... :)
ReplyDeleteTexto verdadeiramente incrível...
Bj
Porcelain Doll,
ReplyDeleteVejo que sabes como conseguir esse querer...e é essencial, essa constância.
O texto. Incrível sem dúvida...apaixonei-me por ele assim que o li.
Grata pela visíta.
Kisss...
Um grande conselho!
ReplyDeleteDetesto a sobriedade da alma vazia
A vida sóbria perde a côr.... ;)
ReplyDelete(e eu que gosto tanto do vermelho... )
Blood Kisses
Transcendente,
ReplyDeleteGrata pela visita :)
Kisss...
Blood Tears,
não podia estar mais de acordo contigo!
Kisss...