10 October 2010

17 August 2010



Quando a Noite toca os meus pulsos despidos, dá-se em mim uma vida maior.
Desaperto os laços de uma senha oculta,
levo comigo essas estrelas negras, a dolorosa persistência da língua...
Em pleno silêncio de fogo, um grito de brilho pousa no corpo de sombras nómadas. Sinto a volúpia do sangue, caindo, pingo a pingo, num abismo de orvalho... O travo nocturno da carne...
e em ondas de medo e fascínio, rebento-me azul...
Sou o que me rodeia.



Imagem: Tomas Rücker
A ouvir: Therion . "The Siren of The Woods"

6 February 2010



Aqui o silêncio brilha
acariciado pelas palavras não ditas
neste momento de renascer.

Há em mim uma combustão ávida
e neste vestido cor de angústia
na indiferença do corpo,
mergulho constante
no acto ébrio de pegar fogo.

Entre o olhar e a boca
a fragilidade da voz segreda um rumo ás mãos
em busca da neblina.

Vagueio os lábios
e sabe-me a águas doces
às que fluem
múrmuras,
vagarosas,
músicais...

O olhar caminha entre as cinzas
entre cores, sedosos tecidos,
numa espécie de pântano obscuro.

Escuto o sotaque da terra,
o ruído dos galhos
e das raízes saindo do ventre das pedras

E todo o silêncio se continua
em pétalas que descem
oscilando no ar,
em balanços de penas
serenas...




Imagem: Rick Blackwell
A ouvir: Fields Of The Nephilim - "Requiem XIII (le veilleur silencieux)"