1 December 2008


evaporação
retirou o magro rosto da cinza
cobriu a nudez com o fúlgido temor
dos presságios
esmagando sob a língua o crepuscular
alfazema
recolheu o negro e húmido resplendor
dos cedros na concha das mãos
e no início da mítica noite ergueu
os braços
respirou fundo o quente olor da
madressilva
abriu as mãos ao vento derramando
sobre a cabeça a fulva beberragem
quando o hirsuto cabelo ficou atado
no esplêndido halo da água
já a parte ainda humana do seu corpo
ascendia
vagarosamente
ao perene bosque solar
Al Berto
in "A secreta vida das imagens"

6 comments:

  1. Bonita escolha, este poema do saudoso Al Berto.

    Segui-te, venho dos comentários do Ascoroso :)

    Não tenho podido andar muito nos blogs, tenho estado quase "hibernada". Mas espreitei lá e pronto, dei contigo a dizer uma coisa que eu também penso e depois tive de vir aqui e agora já tomei lanço e a toca hoje vai ter de esperar!

    Dark kiss.

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  2. Somos Seres a desaprecer,duma forma ou de outra...queremos evaporar como entranhar..os sábios entranham o dedilhar das mãos na Alma

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  3. Al Berto,o anjo negro.

    (bela escolha)

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  4. Obrigado bela Fada... Al Berto é, como bem diz Vertigo, um anjo negro e por isso indispensável...
    (ia dizer obrigatório,mas não gosto desta palavra :))

    Quanto ao que temos em comum, até o "hibernar" se inclui... costumam dizer que sou sazonal...:)))


    Kisss...

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  5. DarkViolet... é bem verdade.
    E ficamos e entranhamos na memória uns dos outros...


    Kisss...

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  6. Vertigo... um belo anjo negro!


    Kisss...

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